sexta-feira, 1 de outubro de 2010

TAXI TAXI!

















Miriam toca o piano, compõe, canta, e também acaricia um acordeão de vez em quando.
Johanna toca as guitarras e canta, e como canta.
São tímidas, mas também debochadas.
A plateia ficou muda, não ouvi nenhum ruído vindo das cadeiras da Lina Bo Bardi.
Foi o show do ano, até agora, em minha opinião (Anna von Hausswolff também foi magnífica, uma semana antes).
Mas o Taxi Taxi! quebrou tudo ontem à noite no teatro do Sesc Pompeia.
As gêmeas suecas tocaram o repertório de seu único disco, recém-lançado, Still Standing at Your Back Door.
A francesa Soko foi convidada, a certa altura, para fazer uma percussão de brodagem.
É doido imaginar essas duas meninas na infância, cantando em casa para os pais.
Parecem adolescentes fugidas de Vulcan, o planeta do Spock.

Uma complementa a outra. São espelhos artísticos, como aquelas casas de espelhos de parque de diversões – nunca se sabe em qual deles está a imagem real.
Não são as clássicas loirinhas suecas, elas vêm do norte do País, embora tenham crescido em Estocolmo.
No norte da Suécia é que tem o povo Sami, talvez elas tenham algum tipo de ascendência indígena.
Para mim, a canção mais bonita da noite foi While I Hold on to the Cliff.
Tocaram uma música inédita, que nem tinham ensaiado direito, e que Miriam chamou apenas The New Song.
Se não ensaiaram, imaginem quando ensaiarem.
Elas fazem uma música feita de grandes espaços vazios entre os versos, que também contém música.
As vozes se contrapõem em dois registros diferentes, mas simbióticos.

Soko (a segunda atração da noite) é bacana, mas não chega a surpreender – vai naquela linha Mallu Magalhães, folk contando historinhas de desencontros com namorados junkies e namorados coroas.
Estava tossindo muito, e demorava séculos falando muito e afinando os instrumentos.
Tinha uma violinista e um violoncelista com ela.
É teatral, é como se fosse uma atriz encenando pequenos dramas no palco, e tem talento. Usava chapéu, jaquetinha jeans, tranças no cabelo e vestido branco.
Mas estávamos em estado de graça com as suecas, e fomos embora na metade.

Depois do show, a francesinha postou o seguinte no seu Facebook:
“até que fui expulsa do palco e a mesma pessoa compreensiva que encontrara me disse que eu "não devia fazer shows, que eu realmente não tinha sido feita para aquilo, que não estava pronta e por aí vai...". então eu chorei horas e escrevi uma canção sobre isso. pfffffui. grata, garota. isso me ajudou tanto... tão construtivo. tão legal você... e isso quase me fez querer largar a música de novo. consiga para si um coração, e também um cérebro de vez em quando!"

Tem gente muito cruel nesse planeta.

4 comentários:

nana tucci disse...

gêmeas lindas-maravilhosas! temos um CD sobrando, e ele vale ouro, minha gente!

el pájaro que come piedra disse...

"temos" um cd sobrando?
mr lembro de ter sido interrogado duramente pela pretensão, ao comprá-lo...

Unknown disse...

Conheci as gêmeas no youtube. Acho que foi dica sua aqui mesmo. O que dizer delas entoando (esse é o termo) Oh my darling Clementine? O que dizer daquela multidão de lábios?
Abraço, man.

el pájaro que come piedra disse...

Lalo, vc perdeu: elas são coisa de outro mundo! Eu apostava, mas não achei que seria tão bom. Really. Honestly.
Awesome!