Omara Portuondo, Barbarito Torres, Guajiro Mirabal e Jésus "Aguaje" Ramos
(foto de Alejandro Gonzalez/Divulgação)
Amanhã, parte de Porto Alegre um ônibus que irá percorrer milhares
de quilômetros pelo País. Dentro dele, está acomodada parte expressiva da
excelência da música cubana, alguns dos músicos mais festejados da ilha na romaria de sua última aventura pelo mundo (na qual passam agora por quatro
cidades brasileiras). São as estrelas da Orquestra Buena Vista Social Club,
rodando o mundo como a excursão Adiós Tour.
Ao longo dessas duas décadas, a orquestra perdeu 6 de seus expoentes:
Compay Segundo (1907-2003), Ibrahim Ferrer (1927-2005), Rubén González
(1919-2003), Manuel "Puntilita" Licea (1921-2000), Orlando "Cachaito" López
(1933-2009), Pío Levya (1917-2006).
Eles chegam ao fim da estrada com os outros fora de série do
esquadrão: a cantora Omara Portuondo (85 anos), o violonista Eliades Ochoa (69
anos), o trompetista Manuel "Guajiro" Mirabal (82 anos), o alaudista Barbarito Torres (59 anos) e o
trombonista, maestro, arranjador e mestre de cerimônias da trupe, Jésus "Aguaje" Ramos (64 anos). E há entre eles “novatos” extraordinários, como o pianista Rolando Luna
e o baixista Pedro Pablo.
Há quase 20 anos, em 1996, eles saíram do isolamento cultural que
a situação política de Cuba e do mundo lhes impôs durante meio século, e se
tornaram ídolos planetários como personagens de si mesmos no premiado documentário Buena Vista Social Club, de Wim Wenders. Começaram então a percorrer o mundo.
No próximo ano, quando a Adiós Tour chegar por último à terra natal dos
músicos, Cuba, eles encerram o ciclo – e tudo será concluído também com um novo
filme, que está sendo rodado pela cineasta Lucy Walker.
Ontem pela manhã, de um quarto do hotel Radisson, em Porto Alegre,
o gigante Jésus “Aguaje” Ramos (mestre de cerimônias da trupe desde o início) falou por telefone ao blog sobre a última turnê.
Esse é mesmo o derradeiro adeus?
Fizemos uma quantidade muito grande de turnês, ficamos muitos anos
na estrada. Achamos que estava na hora de parar.
Quantos shows vocês fizeram nesses 20 anos?
Incontáveis. Teve um momento em que fazíamos mais de 100 shows por
ano. O maior público que tivemos foi justamente no início, no Carnegie Hall, e
no Royal Albert Hall de Londres. Aquele foi um público muito interessante,
porque tudo era novidade para ele. Fizemos shows em todos os 5 continentes,
alguns memoráveis, como o concerto em Jerusalém. Foi muito bonito, aquele lugar
sagrado, as pessoas cantando todos os clássicos.
E agora Cuba está vivendo um novo momento, está sendo cortejada
pelo presidente americano, Obama, pelo presidente francês, Hollande, e até pelo
papa.
Cuba se abre ao mundo como sempre deveria ter sido. Isso já
deveria ter acontecido há muito tempo. Sempre que se abre uma porta, se abrem
também as possibilidades, e há agora chance para todos, para os jovens e os
mais velhos.
Vocês tiveram dificuldades para entrar nos Estados Unidos no
início. Como foi nos últimos anos?
Fomos mais aos Estados Unidos do que a muitas províncias de Cuba.
Nossa abertura pela via das Nações Unidas nos propiciou muitas apresentações,
sempre com uma recepção muito boa, muito calorosa. Não tenho familiares nos
Estados Unidos, mas tenho grandes amigos em todo lugar, em Miami, em Los
Angeles, em Nova York. Hoje são como irmãos, trabalhamos juntos durante muitos
anos.
De todas as formações do Buena Vista, certamente a melhor de todas
foi a primeira, não?
A primeira foi a mais sábia de todas. Tivemos Rubén González,
tivemos Cachaíto, Compay. Todos dominavam a música, dominavam todos os ritmos,
foram os que abriram caminhos. Por isso, é a mais importante.
E no Brasil, como foi a acolhida?
O Brasil foi especial, porque é um lugar no qual a música é muito
forte e muito influente em tudo que se faz no mundo. E o público aqui, que
tinha a bossa nova, nos recebeu igual, com a mesma atenção e reverência, mesmo
sendo uma potência da música. O Brasil nos deu muito. Dessa vez, vamos
percorrer o País de ônibus, para conhecer as praias e falar com as pessoas.
Omara está encantada e feliz com tudo. Somos como uma grande família.
E agora está sendo filmado um novo documentário sobre o Buena
Vista. Como vai ser?
Ainda vai começar a ser rodado. Para a gente, é o fechamento, é
algo que vai ficar como uma recordação de nossa aventura.
Houve muitos momentos emocionantes na vida artística do Buena
Vista. Eu me lembro de você retirando o Rubén González da cadeira de rodas e
levando nos braços até o piano.
(Risos) Sim, eu sempre o levava até o piano. Ele já não
podia andar. Foram muitos anos com Rubén, ele foi um dos maiores músicos que
Cuba já teve. Era curioso, porque parecia que ele não chegaria até o piano
nunca, mas quando sentava no banquinho não queria parar nunca mais.
Hahahahahahahahaha.
Você é trombonista, Aguaje. Quem foi sua maior influência?
Tive o prazer de trabalhar e tocar com aquele que me influenciou:
Generoso Jiménez, o maior de todos, arranjador de Benny Moré.
ORQUESTA BUENA VISTA SOCIAL CLUB
- SÃO PAULO –
HSBC BRASIL
16 de maio,
sábado
Horário: 22h
Abertura
da casa: 2h antes do início do espetáculo
Local:
HSBC Brasil
(Rua
Bragança Paulista, 1281 – Chácara Santo Antonio)
PREÇOS:
Camarote
R$ 350,00
Frisa
R$ 250,00
Cadeira
Alta
R$ 130,00
Setor Vip
Premium R$ 350,00
Setor
Vip R$ 300,00
Setor
01
R$ 200,00
Setor
02
R$ 160,00
Setor
03
R$ 120,00
Um comentário:
Saudade imensa de todos mas em especial do Rubén, o mais importante pianista original cubano.Muitas lembranças boas,felizes.
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