quinta-feira, 24 de setembro de 2009
MICROENCONTROS
clique na foto para ver ampliado o olhar de onça de latoya, de chapéu
foto: jatobá madeira
1. brandon flowers me liga às 20h45.
estou impaciente porque o jogo do palmeiras é logo mais.
tem 28 anos, não bebe álcool, não fuma, é mórmon, tem dois filhos (um de dois anos, outro de dois meses).
juntou-se a uma banda em las vegas em 2004 e hoje contabilizam 14 milhões de discos vendidos (em plena era da extinção do disco).
eu tenho apenas 15 minutos com flowers, que tornou-se um dândi do rock, cortejado por milhões de garotas em qualquer buraco onde vá. mas casou com uma balconista de las vegas, não busca encrenca.
o rapaz da gravadora me chama meia hora antes e diz que, por conta da agenda apertada, agora eu tenho apenas 10 minutos.
agora brandon está na linha. parece estar em um carro.
como você definiria a sua geração, brandon?
“não sei. é estranha, um pouco confusa. não quer saber de onde veio, não tenta entender quem é. não sei quem somos de verdade. falo dos amigos e de minha vida em algumas músicas, mas não tenho pretensão de fazer um retrato da minha geração”.
2. almoço com lourenço mutarelli, de quem sou grande fã.
“deixei de desenhar quadrinhos e passei a viver”, ele diz, com aquele sorriso de quem se tornou dono do próprio destino.
ele traz uma bolsa com uns 20 e poucos cadernos de esboços. abre e espalha pela mesa, eu afasto o copo de guaraná para caber mais.
folheamos os sketchbooks enquanto comemos banana flambada com sorvete de creme e canela.
fico de queixo caído.
tem hora que lembro de francis bacon, tem hora que é puro hyeronimus bosch.
as imagens parecem me acompanhar durante toda a tarde.
3. atravesso o portal com alarmes com o rosto suado, medo de ter sido identificado como intruso.
encontro de cara o pastor jesse jackson, e ele sorri de um jeito que faz passar o terror.
eu lhe peço uma foto, como se suplicasse por uma trégua.
há duas mulheres com ele, uma de cada lado.
latoya jackson me fuzila com o olhar.
latoya jackson tem um olhar de onça encurralada.
4. bebo sozinho no genésio pela terceira noite seguida.
está cheio, as mesas estão lotadas.
repentinamente, ficam apenas três mesas ocupadas.
o jogo não acabou, o que aconteceu?
ah, está todo mundo lá fora, fumando...
o povo volta, e noto que agora falam alto demais.
coloco pedaços de guardanapo de papel nos ouvidos, e sorrio quando o diego souza faz um golaço. sou santista, mas não obtuso.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
pelo jeito, o genro tá fazendo a cabeça do sogrão!!! gostei de ver!
bom rapaz. nada obtuso,
confuso talvez com o barulho,
uns tiquinhos de álcool.
então, o craque de verde
rola a bola em curvas e
entorta mais a cabeça do
cidadão. será que as tranças
do love fizeram as pernas do moço
trançar? e o palestra pintou de verde o coração preto-branco- praiano.
mark preto, careconis!
o parmera deslanchou, enfim!
fico feliz pelo jack, meu irmão verde, mas também fico apreensivo: vocês não acham que, a qualquer momento, o marcão pode por tudo a perder?
hehehehehehehehehehehehehehe
Postar um comentário