segunda-feira, 9 de março de 2009

O HERÓI BALEADO














Uma piada que ouvi no fumódromo: o diagramador gorducho devorando um muffin dizia que, na próxima vez em que tiver de se pesar, vai procurar a balança do Corinthians. Nenhum risco de ser reprovado ali.
Hehehehehehehehehehehe.
O excesso de peso de Ronaldo era, obviamente, a razão da gag.
Um centroavante furiosamente acima do peso é mais ou menos como um centroavante machucado. É um herói baleado.
E o futebol é pródigo em heróis baleados.
Basta lembrar de Reinaldo, do Atlético Mineiro, no Maracanã, em 1980, diante do Flamengo e de 164 mil torcedores rubro-negros rugindo, Reinaldo mancando na área, jogando com uma perna só. E infernizando o Flamengo, deixando dois gols enroscados nas redes, erguendo seu punho esquerdo como um Pantera Negra artilheiro.
Em 1988, aos 31 anos, Reinaldo abandonou precocemente a carreira devido a problemas no joelho, depois de 5 cirurgias.
Na tarde de domingo, em Presidente Prudente, Roliçaldo foi o herói baleado. Quatro toques na bola, quatro toques geniais. Contra todos os prognósticos, contra a aerodinâmica, contra toda a lógica, Ronaldo Herói Baleado deliciou todas as torcidas.
Não é qualquer gauche que pode ser um herói baleado. Eu encaixaria poucos nessa categoria: Neto, Garrincha, Sócrates, Zizou, Zizinho (em 1957, jogou machucado, e aterrorizou).
Romário (que muita gente discute se foi melhor ou pior do que Ronaldo) foi herói baleado diversas vezes, a última delas quando encarnou o papel de treinador e jogador do Vasco ao mesmo tempo, já fora de forma, e “escalou” a si mesmo para entrar em campo, em outubro de 2007, no jogo contra o América do México. E ganhou o jogo.
Na Copa de 1998, Romário foi cortado por contusão. Chorou, porque dizia que sim, podia se recuperar e jogar. Implorou pela chance de ser um herói baleado em campo. Talvez pudesse ter sido aquele que não amarelaria. Porque o herói baleado não traz consigo garantias nem prazo de validade. Zagallo vetou. Claro, Zagallo não é um crente, não sabe nada da fé. E, no futebol, a fé é muito mais forte quando o Santo Baleado conhece os atalhos para o gol.

2 comentários:

Andréa Schönhofen disse...

Não foi o Parreira quem vetou o Romário em 98 mas o escroque do Zagallo, com o beneplácito (essa boa, hein, beneplácito) do Zico, que não gostava do Romário. Mas 'inda assim, gostei do post.

Som da hora:It's very nice pra xuxu (Mutantes, Jardim Elétrico)
Abraços, Jatobá

el pájaro que come piedra disse...

Es verdade, Andrea!
Corrigi lá no post, para não eternizar a ignorância.
Mutantes às 10h da manhã é realmente um bálsamo (essa é boa, hein? bálsamo!)

J.