sexta-feira, 6 de março de 2009

ETA, MUNDÃO!


o povo volta ao cinema em brotas para ver 'o menino da porteira'
foto de j.f.diorio









Fui ver o Menino da Porteira anteontem em Brotas. O sertanejo Daniel, astro do filme, comprou uma sala de cinema em vias de demolição (ou de virar templo evangélico), restaurou a sala e reinaugurou com o filme. Usou grana do próprio bolso, a exemplo do que o jogador Vampeta fez em Nazaré das Farinhas. Um cavalheiro, o sujeito. Dois ídolos populares que não pensam apenas em tirar do bolso do povo, mas também em repor (tenho minhas restrições a Vampeta, que andou mandando seus gorilas baterem no goleiro do Vitória apenas porque o cara teria olhado para sua mulher).

O filme? Bom, é ultrasimpático, ultramazzaropiano. Óbvio que Daniel é um canastrão, assim como Sergio Reis (no primeiro filme, de 1987). É o clássico melodrama sertanejo, não dá para ser moralista demais nem exigente demais com isso. Mas concordo com o José Hamilton Ribeiro: as cenas de estouro de boiada, casa de madeira queimando, cachoeira e fogueira de noite carregam o DNA da roça. Tem alguns álibis o filme. Tem até um subtexto político, com os pequenos produtores rebelando-se contra a tirania coronelista. Meu pai choraria, o seu também, então não tenho nada a opor. José de Abreu é o melhor da fita, um coronel Jeca Tatu de cabelinho lambido que brinca com o canário na gaiola e fica tomando café continuamente de um bule de ágata.

Vai fechar a loja Virgin de Times Square, reduto da turistada da Big Apple. Aliás, fecharão todas as lojas Virgin, grande supermercado de música que viveu seu auge na era do CD. Por outro lado, o U2 lançou seu novo disco também em vinil, mercado que cresce, paradoxalmente. Nunca gostei de supermercados, então até que me sinto à vontade sabendo que vão restar poucas lojinhas, entre elas a loja dos jazzistas de New Orleans. Enquanto isso, Metallica e Aerosmith defendem o game Guitar Hero II como a tábua de salvação das bandas de rock. Não ouso me arriscar em profecias.

Da série “Com o rei na barriga”: entrevistei Ralf Hütter, do Kraftwerk, durante uns 20 minutos, por telefone. E ele ligou depois para a produção do show (dia 22, abrindo para o Radiohead, na Chácara do Jockey) pedindo meu e-mail para continuar conversando sobre música. Nada mau: esse cara está na base de toda a música pop moderna.

E o calor derreteu o asfalto na cidade de Paranavaí, no Paraná. 45º e esquentando. Os carros estão grudando e afundando na rodovia. Passei mal lá de calor lá em meados do ano passado, o que significa duas coisas: o calor já está fazendo um mês, e esquentando.

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