quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O SENHOR DO RECÔNCAVO
















preguiça, preguiça, preguiça: onde andavas que eu nunca te encontrava? agora não te largo mais...
andei longe, daí a ausência. e pretendo ir ainda mais longe.
agora em férias, vai ficar mais rarefeita minha presença por aqui, mas, a exemplo do collor-maluco-de-hospício, eu vos peço: por favor não me esqueçam.

o que posso contar de novo?
vi pela primeira vez um show do roberto mendes, o paulinho da viola do recôncavo baiano.
elegante, preciso como uma caipirosca de siriguela, o homem é um dos compositores que mais frequentam o repertório de maria bethânia, a quem ele dedicou quase toda a vida de poeta.
é raro vê-lo longe de santo amaro da purificação, onde vive.
"pouco conheço da outra margem do rio", ele disse uma vez, referindo-se ao horizonte que existe além do subaé, o rio de sua aldeia.

gostei muito, embora o barulho fosse intenso (mariana ximenes estava no show, sou fã dela, fiquei feliz de ver que uma globette pode ter algo mais na cabeça além dos clichês de aguinaldo silva e glória perez).
o show de roberto mendes era em homenagem a dona edith do prato, que morreu recentemente.
roberto estava um tanto quanto pop demais, prefiro quando ele toca mais samba de roda e chulas e menos lulu santos.

estive em lugares misteriosos, embora muito conhecidos, lugares onde negros eram comercializados como tapiocas nas feiras.
mesmo em lugares onde eu evitava a internet, eu lia o pinduca quase todo dia, e ficava com o coração quente por vê-lo se erguendo de novo, o velho combatente com os punhos em riste (ontem, por coincidência, eu revi lutador de rua, com o charles bronson, na TV, e aquele boxe primitivo e cavalheiresco me lembrou terrivelmente o velho pindas).

preguiça, preguiça, preguiça, abençoada preguiça: hoje vou tomar uns tragos.
antecipadamente, um brinde à bodega do véio, em olinda.
um brinde ao velho calixto, do genésio.
que o meu irmão sandrão consiga voltar para sua louca maria elena espanhola e sua linda sofia.
que o meu filhe ame nova orleans como eu.
um brinde à barraca do juvená, em salvador.
um brinde à espelunquinha sagrada que nos abriga em cada recanto do país.

Um comentário:

Carlos Pereira disse...

Tudo bem seu Jotabê, tá liberado! Mas não esqueça que tem quem visite este teu espaço todo dia procurando novidades. Conheço o Roberto Mendes, creio que só pelo repertório da Maria Bethânia mesmo. Mas é sempre tão bonito o que ela canta dele!
Abraços e boas férias!