COMO SE PRONUNCIA O NOME DO PARTIDO DO
MINISTRO SEM PARTIDO?
Na União
Soviética stalinista, ficou famosa a técnica de apagar dos retratos oficiais
aqueles camaradas que tinham caído em desgraça com os novos poderosos. Um
expurgo violento teve início e, para se refazer para a posteridade a história
da URSS, foi necessária anos adiante uma minuciosa reconstrução das imagens
apagadas por Stalin e seu grupo.
No Brasil de
2016, há pelo menos um caso curioso que lembra, embora por motivos diversos, o
esforço revisionista da URSS daquela época.
Trata-se da
figura do ministro apartidário Marcelo Calero, da Cultura. Ele chegou ao novo
regime como uma figura que paira acima da carniça dos partidos. Foi anunciado como
um diplomata que empresta seu prestígio ao republicanismo por “altruísmo”. Foi
assim que ele se apresentou, inclusive:
Mas acontece
que essa história está mal contada. Calero é tucano dos quatro bicos. Se saísse
da sombra, seria definido como o quarto ministro tucano de Temer, evidenciando
que a partilha é mais ampla e polpuda do que se noticia frequentemente.
Em 3 de
outubro de 2010, ele registrou sua candidatura pelo PSDB no Tribunal Regional
Eleitoral do Rio de Janeiro pela coligação O Rio de Janeiro Pode Mais. Obteve 0,01%
dos votos válidos (pouco mais de 2 mil votos), e não foi eleito para deputado
federal.
No currículo
que ele fez publicar na página oficial do MinC (http://www.cultura.gov.br/o-ministro)
não consta a aventura eleitoral malfadada. Em nenhuma entrevista publicada
recentemente ele ou seus interlocutores mencionam sua vinculação partidária.
Nos
colunistas e nas reportagens quando de sua nomeação, nada saiu. É como se
tivesse desaparecido de sua memória aquele corpo a corpo com o eleitor no
distante ano de 2010. Claro que sua performance minguada não é um grande feito
partidário, e também que sua militância pela “desfusão” talvez não tenha sido
bem compreendida, mas porque mentiu o ministro sobre sua isenção?
Até o
Ancelmo, que é muito bem informado, não conseguiu em sua coluna declinar de que
ninho teria vindo o Marcelo, embora anotasse que ele tinha a habilidade de
sorrir com os olhos:
Marcelo
Caléro (na época, acentuava o nome, aparentemente para rimar Caléro com Zero, mas parece que depois da nomeação ele
achou muito berrante e tirou o acento) tinha uma plataforma de governo. Uma de
suas propostas era a recriação do Estado da Guanabara. Sonhava com um Rio de
Janeiro como uma “Cidade-Estado”. Era contra a Copa e a Olimpíada, achava que
só gerariam recursos “para outros Estados” do Brasil. Ele chegou a procurar um
cacique do partido em São Paulo para dar aval a seus diagnósticos. Leia aqui:
Como um
sujeito chega ao governo do País com tais credenciais e ninguém fica sabendo
delas? Esse é um outro mistério sobre o qual me debruçarei um dia desses.
O problema
pode não ser apenas o de transparência nesse novo Brasil, que parece cada vez
mais evidente: e se o homem da desfusão, agora no MinC, se invocar e quiser
separar do arrocha o axé e o forró? Seria uma tragédia sem precedentes.
2 comentários:
grande jaibee sempre presente nendertal
Nem, meu nego!
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