terça-feira, 24 de julho de 2012

O IMPÉRIO CONTRA-ATACA















tem um monte de gente no fundo do poço.

algumas dessas pessoas conseguem sair do fundo do poço, se rebelam e resolvem fazer um grande movimento occupy.

eles tomam wall street e roubam o cara mais rico da área, o eike batista de sua época.

depois, com a grana expropriada do magnata, tomam a cidade toda.

os milionários vão tendo seus bens socializados, e passam por julgamentos sumários.

"como você viveu tanto tempo com tanto, e tanta gente com tão pouco?", pergunta uma ladra a um magnata.

a nova ordem pergunta: o que os ricos andaram fazendo para engrossar suas fortunas? que capitais especulativos manipularam? como é que não sabem o que é feito em seu nome?

a polícia, que sempre serviu aos interesses do capital, é colocada para escanteio.

o pouco que sobrou é de todos, então não há privilegiados.

o líder veste algo que poderia sugerir a famosa máscara contra gases daquele grafite do banksy. mas não é uma garotinha: ele e seu contendor são adeptos da porradaria do tipo UFC.

os ladrões são punidos exemplarmente.

estou falando de algum tipo de manifesto da primavera árabe?

não, esse é o novo BATMAN.

Batman Ressurge.

o que tem de novo?

bom, batman é o capital especulativo em pessoa, ele é o milionário bruce wayne.

e ele vai chutar a bunda dessa "legião das sombras", o movimento occupy.

o novo filme do batman traz uma mensagem reacionária inequívoca: esses malditos bagunceiros que fazem passeatas estão questionando nossa fórmula de bem-estar mundial? querem é tirar o que é nosso, esses terroristas.

não me interpretem errado: não estou dizendo que é ruim porque é reacionário.

clint eastwood fez dezenas de filmes reacionários maravilhosos.

são muitos exemplos.

esse batman é um épico de gigantescas proporções. tem um parentesco com grandes sagas bíblicas, o povo esperando moisés descer da montanha com as tábuas dos mandamentos para guiá-los pelas pontes de manhattan, coisas do tipo.

mas eu fiquei empapuçado com as três horas no cinema. tirando o fato de o filme conter um discurso do establishment, ainda não sei ao certo se gostei dele. há cenas memoráveis, êxodos e julgamentos irônicos, a marcha da "oprimida" polícia contra os hiper-armados "squatters" de gotham city.
 
o que se evidencia é que há uma guerra em curso pelos corações e mentes que sobraram.



3 comentários:

Anônimo disse...

ainda e necessario que eu veja o filme, mas ate agora, nao havia visto nenhum critico qualifica-lo como reaca.

curioso.

apos ler alguns reviews, pensei mesmo que pudesse haver elementos de establishment, mesmo que sutis.

mas talvez o grande quadro apresente variedades e perspectivas diferentes.

Bruce Wayne, na verdade, e um dos poucos personagens a tornar o establishment do qual faz parte em uma arma. de forma as vezes controversa, de forma praticamente sempre altruista.

e parte do que o torna unico.

veremos!

Anônimo disse...

Realmente, curiosa notação do discurso do stablishment no filme.

Porém, retomando o "grande quadro" do comentador anterior e levantando apenas aspectos da própria obra, podemos destacar algumas outras nuances.

Em primeiro lugar, interessante notar como a tal massa revoltosa não passa de joguete nas mãos de interesses obscuros, que pouco estão preocupados com o equilíbrio de relações de quem quer que seja.

Em segundo lugar, só se pode identificar Bruce Wayne com o stablishment enquanto fachada, pois sua verdadeira atuação se dá no submundo, com o claro objetivo de evitar que a sua experiência traumática de infância se repita com outros. A identificação com a história do segundo órfão que aparece no terceiro capítulo o confirma. Nesse aspecto me lembro de uma expressão que me marcou no filme, "autoridade moral", autoridade moral de alguém que não poderia buscar nada para si por ter perdido precocemente o que mais importava em sua vida.

Me parece que a tensão entre stablishment e outsiders fica apagada em vista da verdadeira polarização da trilogia: a visão de que Gotham vale a pena e pode ser limpa (Bruce/Batman/Gordon) e a idéia de que toda Gotham, com seu mal interminável, deve ser eliminada do mapa (Sombras).

el pájaro que come piedra disse...

Boas observações, pessoal!

Há uma certa esquizofrenia ideológica no filme, de fato, mas na minha visão, há também um claro esforço de desqualificar as reações ao estágio atual do capitalismo - seja retratando essas reações como criminosas e "baderneiras", seja como manipuladas. Nenhuma é lisonjeira, certo?
Tirando essa leitura, que só não enxergou quem é tapado ideologicamente (de direita ou de esquerda), há o filme em si.
Que, embore aposte num roteiro clássico, é um tanto quanto enfadonho. Minha opinião, claro...