quinta-feira, 22 de março de 2012
ARTE CONTRA O GUINCHO
instalação do coletivo bijari sendo guinchada há cerca de duas horas pela prefeitura de são paulo
Sua intervenção urbana tem carteira de motorista?
Tem selo da Controlar?
Tem extintor de incêndio novo?
Caso contrário, sua obra de arte está sujeita a guincho.
Há cerca de duas horas, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Subprefeitura de Pinheiros, guinchou uma obra de arte do coletivo artístico BijaRi, que já foi exposta na Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo e na exposição austríaca Rotor, em 2009, e já ocupou espaços de eventos como a Matilha Cultural e o SWU.
Trata-se de uma carcaça de automóvel coberta com plantas, uma intervenção urbana da série Carro Verde, um comentário crítico sobre a metrópole automatizada. Para liberar a obra de arte, autuada como “carro abandonado em via pública", a Prefeitura de São Paulo exige o pagamento de R$ 12 mil. O Grupo BijaRi não tem o dinheiro e reclama que a Prefeitura não cumpriu o rito legal de informar a suposta infração e dar 5 dias para a sua legalização.
O Grupo Bijari, desde 2007, desenvolve um projeto batizado de Natureza Urbana, montado em diversos suportes. “Constitui-se na apropriação de equipamentos e estruturas urbanas símbolos e agentes de um modelo nocivo de ocupação, mas que, ao mesmo tempo, possuem um caráter de identificação coletiva dentro do ambiente das cidades: o carro , o ônibus, o outdoor, a caçamba de lixo”, diz seu manifesto.
O automóvel coberto de plantas é uma velha Quantum sem motor, que estava em exposição na frente da Galeria Choque Cultural, na Rua João Moura, na Vila Madalena. A mostra que integrava, Estado de Sítio, começou em 11 de fevereiro e vai até 31 de março na Choque Cultural. O grupo utiliza os veículos para reapresentá-los à vida urbana, cobertos de samambaias, bromélias, arbustos, unhas de gato e palmeiras para “dar uma nova vida às carcaças estéreis criando um organismo único e sincrético”.
“Para quem a cidade é feita: para as pessoas ou para os carros? A resposta não é clara. Para emplacar um carro é fácil, mas para expor uma obra de arte questionando isso é difícil”, diz Rodrigo Araújo, um dos 13 artistas do Coletivo Bijari. São Paulo possui cerca de 7 milhões de automóveis nas ruas.
Trata-se, segundo o coletivo, da “ocupação subjetiva da expressão simbólica do grande capital internacional: o ‘billboard’, o contêiner e o carro: a publicidade, os agentes gentrificadores e o rodoviarismo.”
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